O motorista do ônibus que tombou na última quinta-feira (29) e deixou 12 passageiros mortos, na BR-170, no município de General Carneiro, a 449 km de Cuiabá, se apresentou à polícia nesta terça-feira (3), em Barra do Garças, a 500 km de Cuiabá, e alegou ter perdido o controle da direção em uma curva por falta de acostamento e de sinalização. Ele seguia em velocidade incompatível com o trecho da via e disse não saber que logo à frente havia uma curva. No entanto, de acordo com o delegado da Polícia Civil, Joaquim Leitão, que colheu o depoimento, o condutor costumava percorrer esse trajeto há um ano e meio.
"Ele atribuiu o acidente às condições da pista, como à falta de acostamento e de sinalização, mas trabalhamos com outras hipóteses, porque ele já trafegava na pista há mais de um ano e meio", disse o delegado. Porém, ele não adiantou as hipóteses levantadas pela polícia e afirmou que irá aguardar o resultado da perícia, o qual deve sair no prazo de 30 dias.
A suspeita, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), era de que o motorista tivesse dormido ao volante, pois não havia sido identificadas marcas de frenagem na pista. No entanto, ele negou que tivesse cochilado, tão menos dormido. O delegado também informou não ter visto sinal de frenagem, o que indicaria que o motorista não teria tentado voltar à pista após perder o controle e sair com o veículo para as margens da rodovia. No entanto, essa suspeita deve ser sanada com o laudo da perícia.
O motivo pelo qual não procurou a polícia para relatar a sua versão logo depois do acidente também causou estranheza no delegado. "O questionei sobre isso e ele não apresentou nenhuma justificativa plausível", afirmou o delegado. Segundo ele, o motorista, que mora em Goiânia e é funcionária da empresa Satélite Norte, estava acompanhado de um advogado. "Ele estaria afastado da função e recebendo acompanhamento psicológico por conta do acidente", disse.
O inquérito foi instaurado e, de acordo com o delegado, o motorista pode responder pelos crimes de homicídio culposo - quando não há intenção de matar - e lesão corporal ocorrida na direção de trânsito. O segundo crime somente se as vítimas que sobreviveram à tragédia representarem contra ele.
O ônibus tinha saído de Imperatriz (MA) e seguia para Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá. No veículo, havia 42 passageiros, além do motorista e 26 deles ficaram feridos. Dos 20 que precisaram ficar internados, um morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Primavera do Leste, a 239 km da capital.
Por G1