Colniza e Terra Nova do Norte (a 1.065 km e 648 km de Cuiabá, respectivamente) são as cidades em que mais se tem registro de conflitos agrários nos últimos 26 anos, tendo em vista que cada uma delas registrou sete mortes entre 1990 e 2016. De acordo com o levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Peixoto de Azevedo e Rosário Oeste ocupam a segunda colocação, com cinco mortes cada uma, e em terceiro lugar Nova Marilândia com quatro homicídios.
Pelo menos, 6,6 mil famílias de Mato Grosso moram em áreas de conflitos agrários. Os dados colocam o Estado na 1º posição no ranking do Centro-Oeste e em 6º lugar no ranking nacional. Os números fazem referência aos casos ocorridos em 2016. O maior número de famílias em locais de conflito em Mato Grosso, segundo a CPT, pertencem ao Parque Nacional do Xingu, em Querência, Canarana e São Félix do Araguaia. São, ao todo, 1.522 mil famílias.
Somente em 2016 Mato Grosso registrou 272 casos de pistolagem relacionados à violência contra a ocupação e a posse de terras. Além disso, no ano passado 775 famílias foram despejadas e outras 175 foram expulsas de áreas rurais. No Centro-Oeste, o Estado fica em segundo lugar quanto aos crimes de pistolagem e fica atrás apenas de Mato Grosso do Sul, que registrou 570 casos. O estado de Goiás registrou ocorrências e o Distrito Federal não teve registros.
O levantamento da comissão mostra que, no ano passado, 134 casas de famílias que moram em área de conflito foram destruídas durante disputa por terras. No mesmo período, 120 roças foram destruídas.
O coordenador da Comissão Pastoral da Terra, Cristiano Apolucena, lembra que no ano passado, uma carta elaborada pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT) foi entregue ao governador Pedro Taques (PSDB) para pedir apoio no combate aos conflitos agrários ocorridos no Estado.
A carta cita, como exemplo, casos de trabalhadores assentados na região de Novo Mundo (a 791 km de Cuiabá), que em fevereiro de 2016 famílias que ocupavam uma área rural naquela região foram retiradas à força do local. Eles tiveram barracos e materiais de trabalho incendiados. O coordenador do FDHT, Inácio José Werner, contou como agia os pistoleiros na maioria das ocorrências. “Os jagunços de fazendeiros invadem os assentamentos com armas e xingamentos, procurando as pessoas. Já ouvimos diversas vezes que se encontrassem tal pessoa a mataria”, relata.
Chacina
Nove pessoas foram brutalmente assassinadas em um assentamento legalizado, denominado como Taquaraçu do Norte, na última quarta (19). A polícia investiga os assassinatos e suspeita que pelo menos quatro homens tenham torturado os trabalhadores rurais.
As vítimas são Izaul Brito dos Santos, de 50 anos, Ezequias Santos de Oliveira, 26 anos, Samuel Antônio da Cunha, 23 anos, Francisco Chaves da Silva, 56 anos, Aldo Aparecido Carlini, de 50 anos, Edson Alves Antunes, 32 anos, Valmir Rangeu do Nascimento, 55 anos, Fábio Rodrigues dos Santos, de 37 anos e o pastor da Assembleia de Deus, Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos.
Segundo a perícia oficial, os corpos tinham sinais de tortura, algumas vítimas foram amarradas e outras decapitadas. Pelo menos dois trabalhadores foram assassinados a golpes de facão e o restante por tiros de espingarda calibre 12.