O promotor do Ministério Público e ex-secretário de Segurança Mauro Zaque afirma que Fábio Galindo, também ex-secretário da Sesp, é testemunha de que Zaque conversou com o governador Pedro Taques (PSDB) sobre esquema de arapongagem existente na sua equipe para espionar adversários.
“Sim, com certeza. Não só uma vez. Nós tivemos várias conversas sobre esse assunto. Ele participou de várias conversas. Outras eu tive pessoalmente com o governador, mas tiveram várias conversas sobre este assunto e que esse assunto foi tratado que ele (Fabio) estava presente”, disse o promotor nesta segunda (15) durante entrevista à Rádio Capital FM.
Fábio Galindo assumiu a Sesp em dezembro de 2015, quando Zaque protocolou o pedido de exoneração. Neste domingo (14), o promotor disse por meio de nota que deixou o staff tucano porque ele não teria exonerado os envolvidos.
Zaque reforçou, ainda, que levou ao governador, em outubro de 2015, a documentação que provava a possível existência de grampos clandestinos sendo operados por agentes públicos ligados ao Executivo, mas que na condição de secretario de Estado não poderia apurar mais afundo o a denúncia que chegou até ele de forma anônima.
“Eu relato os fatos e peço para que seja apurado porque eu não podia naquele momento na condição de secretário de Segurança instaurar uma investigação. O secretario não tem autonomia e poder de investigação. Quem investiga isso é o Ministério Público”, sustentou.
Ele completa dizendo que o Ministério Público detém a atribuição de exercer o controle externo de atividade policial. “O que tive que fazer eu fiz, que foi encaminhar para Procuradoria Geral da República. Estou a disposição. Eu encaminhei. Se a Procuradoria entender que houve crime e existe responsável ela vai punir, ela vai apurar”, disse.
Nesta linha diz que "pegou" só uma pontinha do esquema. "Se a PGR quiser pedir todas as investigações, aí teremos um quadro mais concreto das investigações", destaca.
Como recebeu a denúncia de forma anônima Zaque encaminhou à Procuradoria porque não sabia, efetivamente, que a denuncia ia cair sobre o governador.
“Eu não sei isso vai bater em governador, secretario, ou qualquer outra autoridade com prerrogativa de forro. Então, o que fiz: recebi a documentação, fiz analise preliminar, constatei que aquilo realmente era verdadeiro . Porque recebi da inteligência da Polícia Militar, tinha decisão judicial naquele número e alguns não correspondiam aos nomes que estavam”, continuou.
Ainda conforme Zaque, cerca de 120 pessoas foram grampeadas, entre jornalista, médicos, políticos e servidores. Segundo reportagem exibida ontem no Fantástico, as ligações teriam sido interceptadas por meio do sistema “barriga de aluguel”, utilizado pela Polícia Militar para monitorar os adversários de Taques, entre eles, a deputada Janaina Riva (PMDB), crítica ferrenha da gestão do tucano na Assembleia, e uma das entrevistadas do programa. O número do celular da deputada consta no documento, mas a peemedebista recebeu o codinome de “Janair”.
Mas Zaque não pode afirmar esse número de 120 pessoas porque não fez investigação, mas que havia levado ao conhecimento do governador.
O promotor finaliza dizendo que não é uma briga pessoal com Taques.
“Se nós permitirmos que isso aconteça com qualquer um, estamos permitindo que aconteça com a gente. Se a gente não enfrentar, OAB, que foi vítima associação de imprensa, enfim, se não enfrentarmos com rigor, vamos voltar a sermos escravos com Mato Grosso”, finalizou.