O empresário Alan Malouf afirmou, em depoimento à Justiça nesta quinta-feira (8), que o deputado federal Nilson Leitão (PSDB) foi um dos beneficiados com o esquema de pagamento de propina que vigorou na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) entre os anos de 2015 e 2016. Leitão teria usado o dinheiro recebido no esquema para quitar dívidas de campanha, segundo Malouf.
Por meio de nota, o deputado federal Nilson Leitão afirmou que as afirmações de Alan Malouf são "vazias, baseadas em conversas que ouviu de terceiros e sem qualquer relação com a verdade". O parlamentar ainda reafirmou que está à disposição para prestar os esclarecimentos que forem necessários.
De acordo com o empresário, ao convidá-lo para participar do esquema e recuperar o dinheiro investido em um suposto "caixa 2" da campanha do governador Pedro Taques (PSDB), durante as eleições de 2014, o delator do esquema e dono da Dínamo Construtora, Giovani Guizardi, contou que o esquema já estaria funcionando na Seduc por meio do ex-secretário da pasta, Permínio Pinto e de um servidor. Permínio foi preso em julho do ano passado, durante a segunda fase da operação.
"Ele disse que o esquema estava pagando contas de campanha do próprio Nilson Leitão, que foi quem indicou o Permínio [Pinto] ao cargo [de secretário de Educação]", disse Malouf.
O empresário afirmou que, apesar de conhecer os beneficiários do esquema, nunca teve contato com Nilson Leitão. O nome do parlamentar como participante do esquema já havia sido citado pelo delator da fraude, Giovani Guizardi, em depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE).
Na ocasião, Guizardi afirmou que, dentro da organização criminosa montada dentro da Seduc, o deputado federal integrava o “núcleo de agentes políticos” ao lado do deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Maluf (PSDB), sendo responsáveis pela indicação dos agentes públicos que participavam do esquema. O deputado estadual ficaria, ainda, com 25% de toda a propina paga dentro do esquema, segundo o delator.
Por meio de nota, Maluf negou envolvimento com qualquer possível irregularidade ocorrida na Seduc e disse que confia na Justiça. Ele afirmou, ainda, que irá provar a inocência dele.
Operação Rêmora
O esquema investigado pelo Gaeco teria vigorado na Seduc durante os anos de 2015 e 2016, dois primeiros anos da gestão Pedro Taques. A operação foi deflagrada em maio do ano passado para apurar irregularidades nos processos licitatórios que envolveriam obras de reforma e construção de escolas públicas. De acordo com o Gaeco, organizados em cartel, os investigados distribuíam entre si as licitações.
Segundo o Gaeco, a organização criminosa era formada por três núcleos. Um deles era composto pelos três servidores públicos, que agiam internamente interferindo nas licitações para assegurar que os empresários ligados ao grupo vencessem os certames. O segundo núcleo era composto por três supostos operadores do esquema - entre eles Giovani Guizardi - que, segundo o MPE, agiam na tentativa de que dificultar que as fraudes fossem descobertas e negociavam com os integrantes dos outros dois núcleos. O terceiro e maior núcleo era formado por empreiteiros, considerados os grandes beneficiários da fraude.