Cerca de 300 famílias, que somam mais de 500 pessoas, ocupam a Fazenda Serra Dourada, de propriedade do ex-governador Silval Barbosa, no município de Peixoto de Azevedo (691 Km ao Norte de Cuiabá), desde o último dia 25. A ocupação é organizada pela Ação Nacional Unificada, movimento que reúne grupos de trabalhadores rurais e sem-terras de 8 estados. Neste caso, são pessoas oriundas de Mato Grosso e do Pará.
A fazenda ocupada faz parte do rol de bens entregues pelo ex-governador à Justiça em seu acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), como parte da reparação ao erário, já que ele é réu em diversas ações penais ligadas à operações como Ararath, Sodoma e Seven, tanto na Justiça federal quanto estadual. Conforme a Ação Unificada Nacional, trata-se de terras devolutas do Estado de Mato Grosso.
Conflito
De acordo com Wendel Girotto e Hugo Zaidan, coordenadores da ocupação e representantes do movimento 13 de Outubro, a presença dos trabalhadores no imóvel rural acabou gerando outras situações, como a descoberta de um esquema ilegal de venda de terras e também ameaças contra os sem-terra.
Segundo eles, funcionários e ex-funcionários da fazenda Serra Dourada, além de moradores da região apareceram na área dizendo ter comprado lotes da fazenda junto a um advogado da cidade, identificado como “Pascoal”, e servidores do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), na expectativa de serem assentados.
Quando chegam à fazenda e são informados que a mesma é alvo de uma ocupação de trabalhadores sem terra, esses supostos compradores ficam surpresos e relatam a transação, que teria custado entre R$ 3 mil a R$ 10. Indignados, alguns deles chegaram a fazer ameaças contra os ocupantes, que registraram boletins de ocorrência na delegacia local.