Reportagem publicada na edição de abril da Revista Exame classifica a obra de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande como um dos maiores fiascos da história recente do Brasil. A matéria é assinada pelos jornalistas Bruno Villas Bôas e Flávia Furlan, que apuraram que quase todas as obras brasileiras esbarram na “pura falta de inteligência”.
Na matéria, a obra de implantação do VLT é comparada aos trabalhos de construção da primeira linha do metrô de São Paulo, em 1974, porque apresenta o mesmo ritmo de trabalho.
Como mostra de que é possível ser eficiente, os repórteres mostraram o caso do metrô de Seul, na Coreia do Sul, iniciado no mesmo ano que o transporte de massa paulistano. Enquanto a principal cidade do país contabiliza hoje 74 km de trilhos, a capital coreana tem quase 5 vezes mais.
Os jornalistas explicam na reportagem, a atual situação do VLT em Mato Grosso. “A um custo de R$ 1,5 bilhão, seria o maior investimento em mobilidade urbana da história de Mato Grosso. A linha deveria começar a operar no início do ano passado, com 22 quilômetros de extensão e 33 estações. Mas até agora, tudo o que ficou pronto, foram 800 metros de trilhos”.
Os vagões, comprados e que já estão na cidade, acumulam “poeira vermelha da região”, uma vez que as obras estão paradas desde dezembro, ainda que tenham consumido 75% dos recursos destinados sem, contudo, terem chegado na metade do processo de implantação. A reportagem critica, inclusive, o fato de serem necessários mais R$ 700 milhões para o término da obra.
Outra crítica está no fato de que o caso do VLT não é único, mas apenas mais um exemplo de que no Brasil os governantes iniciam uma obra negligenciando etapas importantes como estudos e projetos o que acaba por tirar a possibilidade de se saber, ao certo, quando a obra custará ao final. “Tanto tempo e dinheiro não estão sendo fastos para atingir feitos extraordinários, como levar astronautas a Marte. Trata-se de construir pontes, estradas, ferrovias e portos, entre outras obras cujas tecnologias são dominadas há décadas ou séculos”.